Há um provérbio chinês que diz que “toda longa caminhada começa com um primeiro passo”.
A nossa, começou com uma marcha.
Pode parecer decepcionante para alguns que, após uma dura batalha judicial para permitir a Marcha da Maconha em Belo Horizonte, apenas pouco mais de uma centena de pessoas ter saído às ruas para lutar pela descriminalização da droga.
Mas é preciso lembrar que o tema da descriminalização da maconha ainda hoje é um grande tabu, em especial para a “tradicional família mineira”. Tanto que o Ministério Público tentou evitar a todo custo que fosse discutido nas ruas. E o primeiro passo para se vencer um tabu é discuti-lo publicamente.
Ao contrário da maioria das cidades brasileiras, em que a Marcha da Maconha foi proibida judicialmente, em Belo Horizonte, fizemos valer nosso direito constitucional à livre manifestação de pensamento. Cidadãos com uma mesma visão política saíram às ruas, mobilizaram-se e agora já são um grupo mais coeso, pronto para mostrar sua força em novas manifestações.
O simples fato de a Marcha da Maconha ter sido divulgada pela Globo Minas e pelo jornal O Tempo já é uma grande vitória, pois a voz daquela centena de manifestantes foi ouvida por milhares de pessoas que poderão parar por um minuto para pensar se existem de fato benefícios suficientes que justifiquem a guerra à maconha, que é travada diuturnamente pelas autoridades públicas.
A lei de drogas não será alterada do dia para a noite. Os preconceitos precisam de tempo para serem desintegrados pela razão. Esta não será uma guerra a ser vencida em uma única batalha.O importante é que, neste final de semana, o Brasil refletiu sobre a descriminalização das drogas e, de quebra, também sobre a liberdade de manifestação de pensamento.
Parabéns a todos que participaram desta luta! Meus mais sinceros agradecimentos ao Ministério Público de Minas Gerais por ter, com suas ações judiciais que buscavam censurar o evento, fomentado a divulgação da Marcha da Maconha na mídia belorizontina.
Esta é nossa primeira vitória! A caminhada é longa, mas em 2010, a marcha continua!